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quarta-feira, dezembro 15, 2004

CULINÁRIA COREANA

Autêntica e rica, a culinária da Coréia soube preservar a sua identidade. Os invasores Japão e China não conseguiram mudar a culinária, pelo contrário. Os coreanos usaram a interferência para aperfeiçoar técnicas e inovar pratos. Em um primeiro olhar, ou prova de uma comida, se percebem algumas influências, mas as semelhanças cessam por aí.

Os sabores e as combinações se desenvolveram com personalidade própria, cultura e história.
O país do onipresente kimchi e da pimenta vermelha combinada com quase tudo tem muito mais peculiaridades gastronômicas para serem desvendadas. Segundo a tradição, em uma mesa coreana não podem faltar três cores: o branco, geralmente representado pelo arroz; o vermelho, que denuncia a pimenta; e o verde, sempre presente nas verduras. A ancestral receita do kimchi simboliza o gosto peculiar por alho – dizem que os coreanos até exalam alho --, e por pimenta vermelha.

O prato mais representativo da peculiar culinária coreana, o kimchi, é uma conserva supercondimentada de vegetais, um componente básico da dieta local. Ele surgiu para substituir os vegetais frescos durante o rigor do inverno. Cada região do país tem a sua receita de kimchi, e ao todo existem mais de 160 variações. A conserva feita com acelga é a mais conhecida e consumida. Não há pedaço de terra cultivável na Coréia que não tenha uma plantação de acelga ou de arroz, que também não falta nunca à mesa.

A pimenta vermelha em pó ou em pasta é a responsável pelo sabor apimentado do kimchi, e é utilizada com generosidade em inúmeras preparações. A intensidade da cor vermelha de um prato denuncia a quantidade de pimenta que contém: quanto mais vermelho, mais apimentado. Outros condimentos, também de bastante personalidade, como o molho de soja (ganjang), a pasta de soja (denjan) semelhante ao missô japonês, a cebolinha verde e o nira, o óleo e as sementes de gergelim, o alho em grande quantidade, o gengibre e o vinagre de arroz, valorizam muito o sabor da comida.

A Coréia é banhada por oceanos de todos os lados, por isso dispõe de uma grande variedade de peixes e de frutos do mar. Eles são usados em sopas, assados e caldeiradas ou são secados e salgados para emprego como matéria-prima na cozinha. O frescor dos peixes também rende o hoe ou peixe cru fatiado, mas que leva no lugar do wasabi (raiz-forte) uma forte mistura de pasta de pimenta temperada com vinagre e açúcar.

Uma refeição coreana completa pode parecer um banquete. Além do prato principal, uma carne ou uma composição de carne com legumes e alguns acompanhamentos, a mesa é composta pelo namul, por tigelinhas de arroz cozido, pela sopa e pelo kimchi de acelga ou nabo, que são os tipos mais populares. Exceto pelo arroz, cozido apenas em água, a pimenta vermelha condimenta quase tudo. O único talher usado para pegar e comer os alimentos nas tigelinhas coletivas é o hashi. Somente o arroz e a sopa vêm em vasilhas individuais e geralmente são degustados com uma colher.

Os coreanos têm o hábito de preparar churrasco de carne de cachorro. Um dos modos de saborear os populares churrascos, ou qualquer tipo de proteína animal grelhada ou cozida, é fazendo trouxinhas (sam tchu sam) nas quais pedaços de carne, pasta de soja (denjan) temperada e pedaços de conserva são colocadas com o hashi sobre uma folha de alface ou gergelim, e logo em seguida enroladas com as mãos e degustadas aos bocados.

Nos cardápio dos restaurantes encontram-se vários tipos de churrasco e os supermercados vendem diversas qualidades de carnes congeladas já fatiadas, prontas para grelhar. O bulgogui, que é feito de tiras finas de contrafilé bovino, é um dos mais famosos. Este é um prato encontrado com variações de uma casa para outra, pois cada cozinheiro se orgulha do "segredo" do seu tempero.

Os churrascos ou qualquer outro prato vêm sempre acompanhados do namul, um conjunto de tigelinhas contendo diferente tipos de legumes, verduras ou cereais da época refogados em óleo de gergelim e temperados com sal, molho de soja, alho, sementes de gergelim, cebolinha verde e pimenta. Também é comum a sopa, que pode ser de vegetais, carne, peixe ou frutos do mar, ou até mesmo de mocotó, que é particularmente apreciado.

Outros pratos populares são as caldeiradas de frutos do mar, os risotos (bibimbap, que são opções desprovidas de pimenta), as fritadas de legumes e frutos do mar (pajeon), os pratos com lámem ou macarrão, entre muitos outros. As barracas de comida espalhadas pelas ruas mais movimentadas das cidades oferecem comidas apetitosas e revelam o gosto do povo pelos petiscos. Os mais populares são: sundae, uma salsicha recheada com feijão e vegetais; o ramyeon, o tradicional lámen coreano; o twigim, uma espécie de tempurá de legumes que é muito popular; e, finalmente, o gimbap que é o favorito do público, elaborado com arroz envolto em alga e recheado com legumes e omelete, semelhante a um sushi.

Arroz, sopa com caldo bem clarinho ou clarificado e o ardido kimchi são o tripé de qualquer refeição do dia e são a base de uma dieta saudável, rica em nutrientes, que emprega pouca gordura e açúcares. Os coreanos fazem questão das suas três equilibradas refeições por dia e também não abrem mão do seu chá, que é servido muito quente no inverno ou bem gelado no verão. Eles o bebem como água.

Os doces compõem um capítulo muito pequeno na saudável e pouco calórica dieta coreana. Geralmente, eles são reservados para ocasiões festivas. A tradição oriental do chá também é preservada na Coréia. Os tipos preferidos no dia-a-dia são os de cevada ou desse cereal combinado meio a meio com milho seco.



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