quinta-feira, novembro 09, 2006
Santo Feltrin volta ao Brasil e conta sobre sua aventura no Teto do Mundo

Mesmo assim, voltou com um balanço positivo sobre a experiência. “Explorei o corpo ao máximo. Entrei dentro de mim mesmo e busquei a energia possível e impossível, calma e paciência. A cada dia que passou estava mais desgastado”, comenta Santo.
No início do ano, o brasileiro realizou a travessia dos Andes de bicicleta, que foi o ponta-pé inicial para a aventura no “Teto do Mundo”, como é conhecida a região do Nepal. “Quando fiz a travessia dos Andes, conheci dois americanos. No começo do ano, eles me mandaram um e-mail falando de uma expedição que estava sendo montada, com travessia pelo Nepal, de bicicleta. Me interessei, comecei a ir atrás e peguei informações. Resolvi fazer, mas os dois americanos não puderam ir”, explica Feltrin.
Ele deixou a loja de motos por conta dos sócios e partiu sozinho para a aventura. “Um amigo brasileiro, que também tinha feito a travessia dos Andes, iria comigo mas, um mês antes acabou desistindo. Acabei indo sozinho. O fato de ser uma aventura, conhecer um local diferente, o acampamento base do Everest, me chamou muito a atenção pelo desafio.”
Adaptação - A região gelada não intimidou Feltrin, mas problemas com os vôos e atrasos fizeram com que ele não tivesse tempo necessário para se adaptar corretamente à altitude da região. “Nunca imaginei que a altitude fosse uma alteração tão grande. Cheguei e, no dia seguinte, comecei a pedalar. Perdi os cinco dias de adaptação”, comenta.
O resultado da falta de adaptação foram fortes dores de cabeça: “nos quatro primeiros dias tive muita dor de cabeça. A noite era uma coisa impressionante. Quando estava pedalando, aumentava a circulação e melhorava. Mas quando parava, ela vinha que não tinha jeito. Me incomodava muito.”
A cinco mil metros, a quantidade de oxigênio é 50% menor do que ao nível do mar. Em uma atividade física que demanda muito oxigênio, como a pedalada, essa diminuição de oxigênio faz muita diferença. Feltrin tomava cerca de seis litros de água por dia para se hidratar. “Não escorre suor pelo rosto, mas a roupa está toda molhada por baixo. Teve uma passagem que estava a -17ºC e com sol. Na barraca, teve dia que chegou a -11ºC”, lembra.
Fonte: Webventure